quarta-feira, fevereiro 23, 2005

"A simplicidade em pessoa"



Correm de um lado para o outro, gritam, berram, brincam, saltam, sorriem, caem, levantam-se, crescem.

Todas elas vivem, felizes ou infelizes, na sua inocência.

Cada palavra que sopram, cada olhar que lançam, cada gesto que oferecem…

São crianças, no auge da sua beleza, no pico do seu aprender, na pureza e liberdade do deu simples ser.

A emoção aflora a qualquer coração que recebe delas um carinho, um mimo que, sem querer, aquece qualquer vida.

Ainda inconscientemente, elas vão-te relembrando a tua infância, a ingenuidade e fragilidade que és obrigado a esconder aí no fundo, a alegria daqueles sorrisos alegres em tempo de Inverno cerrado, o valor de uma palavra no silêncio, a bondade de um toque num corpo áspero e a essência de um tempo e idade esquecidos.

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Um passado tão presente... (parte III)



Desde que me confessei a ti tudo se transformou. Passaste a olhar para mim de maneira diferente, deixaste de aceitar o meu apoio, dexaste de desabafar para "não me magoares", empurraste-me para longe de ti. Eu derramei lágrimas atrás de lágrimas, tu nunca soubeste delas, mas eu soube, eu senti-as.

Por breves momentos pensei em desistir, desistir de te ver, desistir de te amar, desistir de sofrer mas percebi que só estava mal porque queria.

Esperei.

Desesperei.

Até que decidiste esquecê-la finalmente. Voltaste a aproximar-te, voltaste a partilhar aventuras, tristezas comigo. E alegraste-me, alegraste-me ao dizer que talvez não fosse mau manter a luz dos meus olhos.

Assim o fiz, a esperança subiu tanto na fasquia que o sorriso não saía do meu rosto.
Numa tarde, com o propósito de fazer um trabalho, viemos para minha casa com mais duas colegas nossas. Eu não tirava os olhos de ti, não te largava, tu picavas-me e pensavas...

Até que ouvi o pedido de um beijo, recusei, queria que mo roubasses. Não demorou muito até que o fizeste, o meu coração quase se fez notar no meu peito. Largaste-me e em cara de arrependimento disseste que o que tinha acontecido não mudaria nada...

Mas mentiste...

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

A pequena grandeza do viver




Um olhar,
Uma palavra,
Um gesto,
Um passo para caminhar.

A tristeza,
A alegria,
A bondade
No espelho que é o olhar.

A importância,
A essência,
A frieza,
Do que nos faz falar.

A rudeza,
A sensibilidade,
A procura
De uma pele para acariciar.

A força,
A fraqueza,
A espera
De um tempo para amar.

O nascer,
O viver,
O morrer
De um pássaro que só quer voar…

domingo, fevereiro 20, 2005

Covardia...



Peça a peça, vou tirando a minha roupa e sentindo todos os defeitos do meu corpo, tacteando as deformações da minha pele, causadas pelas desventuras do desporto e da preguiça.

Acompanho este caminho com lágrimas de desgosto e desilusão, errei ao deixar o meu corpo percorrer toda esta evolução.

Numa nudez incomodativa, entro na banheira e ligo a água, sinto o peso dela a cair sobre a minha cabeça e os meus ombros.

De beije a rosado, a cor da minha pele muda, as gotículas de água a ferver dão-me a dor agradável que procurava.

Deixo de sentir o peso nos meus ombros, deixo de ouvir o cair da água, fecho os olhos para a escuridão e deixo de pensar…

Um vazio sem liberdade...



Triste o que abate sobre aquele que perde os seus valores. Subitamente, nada para ele tem importância, tudo lhe parece normal, uma calma monotonia que não o incomoda…

Nenhuma análise psicológica feita por si tem em conta gostos ou emoções, tudo é olhado e aceitado, sua mente fica repleta de factos e simples realidades.

Não impõe barreiras à vida, nem as impõe à morte, vagueia pelas sombras esperando, inconscientemente, o encerrar eterno, não num sono, não na inconsciência do caminho, mas no unir final das suas pestanas.

Sua cabeça não entende, se quer, o cansaço do seu corpo, a secura dos seus olhos e a naturalidade do seu coração…

sábado, fevereiro 19, 2005

Um passado tão presente... (parte II)

O primeiro dia de aulas de um novo ano chegou, vi o teu vulto ao longe e o meu coração batia com toda a força, desviei o olhar e continuei a matar saudades com todos os outros.
“Olá”, ouvi de repente, todos se dirigiam a ti e eu só sorri, um nervosismo extremamente ansioso gelava-me por dentro, só queria saber se ainda estavas com ela.
Os dias passaram e só te aproximavas de mim para te apresentar a amiga que havia trazido para a turma, aos poucos o meu coração foi sendo despedaçado com todo o ciúme que estupidamente me traía a alma.
O sorriso do meu coração chegou, antes do tempo mas chegou, disseste-nos que já não havia nada entre ti e ela, mas mal o sorriso se estampou na minha face tu começaste a desabafar, estavas apaixonado por ela, só ela estava dentro do teu coração.
Chorei silenciosamente mas dei-te todo o meu apoio de amiga, sem te dizer que te amava mais do que nunca.

O tempo foi passando e eu ouvia desabafo atrás de desabafo, tudo o que ela te dizia, tudo o que tu lhe dizias. Um dia, rebentei, não consegui manter-me firme ao teu lado, os meus olhos encheram-se de lágrimas quando me acusaste de não te ter defendido quando as storas diziam mal de ti, pois é mentira, naquele dia eu fui odiada por elas, só por estar cega por ti. Foram avisar-te que eu estava a chorar, obrigaram-me a falar contigo e tive que dizer o que sentia…Soluçando, eu disse-te “Eu não deixei de gostar de ti depois de este tempo todo,pelo contrário..."

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Um passado tão presente... (parte I)




Quem não se lembra daquele primeiro amor, daquele primeiro beijo?
Não falo do amor de crianças de 8,9,10 anos mas de quando o verdadeiro amor bate à porta, da primeira vez que os lábios da pessoa amada tocam os seus, da profundeza dos minutos que são passados em comum...

Tu soubeste do que sentia por ti,uma insignificante paixoneta naquela altura, correspondeste, ou pelo menos foi assim que encaraste a situação. Aproximámo-nos, estávamos bem, ainda que nada de concreto fosse, ainda que nenhum beijo se tivesse revelado, nós estávamos bem. Mas algo surgiu, eu desperdicei aquele pequeno papel que me deste numa aula, aquele "amo-te", afastámo-nos e tu correste atrás de alguém que te pudesse fazer feliz...

Passou pouco tempo até que percebesse que não acertei ao deixar-te ir, via-te com ela e roía-me, sem nada poder fazer...

A escola acabou, passei uns meses sem te ver pessoalmente, mas também uns meses a admirar-te nos meus sonhos, nos meus pensamentos...

Uma mudança...

Num vaguear pela blogosfera e nuns breves momentos de paragem, resolvi fazer deste meu canto o meu melhor amigo, o meu espaço para desabafar. O mais certo é começar a escrever frequentemente, não só textos abstractos mas sentimentos, histórias diárias, gargalhadas, choros, nervosismos...

Finalmente, consegui libertar-me da concha que me prendeu todo este tempo...

P.S. - vão começar a aparecer fotos tiradas por mim junto dos texto que aqui deixar :)

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Um raio de liberdade

De repente, a luz do sol torna-se tão forte que meus olhos são obrigados a fechar…
Um sentimento de leveza enorme toma todo o meu corpo.
Como que num sopro tudo o que tenho vestido é substituído por um enorme vestido branco, mangas em sino que percorrem toda a minha mão, prolongando-a e um enorme véu que dá comprimento a todo o meu corpo…
Sem se quer notar, a minha cabeça é inclinada suavemente para traz, tão brilhante a pérola que se pendura no meu pescoço!...
Um novo raio de sol encerra minhas pestanas, materializando-se, ele mesmo, no meu próprio cabelo, cada fio parecendo ouro fino e puro.
Olho em volta, nada vejo…
Sinto um pouco de água límpida e transparente a correr bem por baixo de meus pés, uma estranha melodia começa a embalar-me no colo daquela água sem que me molhe, meu corpo é elevado num berço de água quase que celestial…


“FILIPA!!! ACORDA! HORA DE IR PARA A ESCOLA!”- grita uma voz.
“Estranho” penso eu, abro os olhos e vejo aquela tão habitual paisagem, o tecto do meu quarto…