domingo, junho 26, 2005

Desculpa

Houve um ponto na minha vida que se tem vindo a prolongar, uma linha recta que se formou.

Tornei-me incapaz de sonhar, de escrever, de me olhar ao espelho, de me concentrar...

Não me faltam valores materiais, não me falta um abrigo ou uma família, falta-me algo que não encontro, que ninguém me pode oferecer pelo aniversário e que não vem numa caixa com lacinho. Entro no quarto e liberto o que o sorriso prende todo o dia, as lágrimas caem uma a uma enquanto palavras ecoam na minha cabeça lembrando-me que há muitos que estão piores que eu. Mas encolho-me e contorço-me, há momentos em que a necessidade de ser egocêntrica se revela.

Fecho os olhos e é como se estivesse sentada no meio da rua, os carros passassem sem notar que ali estou, as pessoas atravessassem a rua vendadas; volto a abri-los e as palavras de apoio e preocupação que lembro parecem demasiado falsas e a espessura de cada lágrima aumenta.

Parece que teimo em convencer-me de que preciso de alguém; se calhar é só falta de auto-estima ou modéstia e honestidade; Não!, posso ter os meus defeitos mas ainda tenho alguma integridade; preciso sim de alguém! Alguém que possa estar ao meu lado silenciosamente, que me abrace e me aperte, que me sussurre sem eu pedir, que me olhe sem eu notar, que sorria ao ver-me dormir, que passe a mão pela minha pele com tamanha suavidade que eu não desperte, que me seque as lágrimas e me faça sorrir com os meus problemas e os seus, que, inconscientemente, sonhe comigo...