terça-feira, setembro 07, 2004

Saudade (seca ou molhada)

Com palavras insensíveis à minha dor, aqueles que choram acusam-me de não fazer o mesmo, como se fosse um crime. Como pode alguém, que não sabe o que sinto, julgar-me com tamanha rudeza? Pois eu, depois de alguns minutos a pensar, sei responder a essa estranha pergunta, a frieza com que me olham não os deixa ver a quantidade de lágrimas secas que me fogem pelo canto do olho.
Posso não encharcar minha camisola em choro mas sinto o calor da saudade como todos os outros sentem. Em vez de transmitir saudade e gratidão através de lágrimas, transmito-as através de silêncio e gestos pouco aparatosos mas intensamente dolorosos, não uma dor incómoda mas uma dor com um sorriso estampado em si. Para mim os meus olhos não são o espelho da minha alma, se forem é sinal que ninguém os olhos quando, inconformadamente, me apontou o dedo.

Se meus olhos não derramaram uma única gota foi porque meu coração já todas havia derramado num eterno “até sempre”…